CUMPRIU-SE A TRADIÇÃO COM MAIS DE CEM ANOS

As ruas e recinto de festas engalanadas com música para todos os gostos saída dos altifalantes era um sinal de que havia festa na aldeia. Era o retomar de uma tradição com mais de 100 anos, depois de um interregno de dois anos pelos motivos conhecidos, era a festa anual de Foz do Cobrão em honra de Nª Sª da Conceição conduzida por uma Comissão exemplar presidida por João Luís Silva com suporte da associação local, “AMIGOS DA FOZ DO COBRÃO”.

No sábado, dia 13, foi o dia em que se cumpriu a componente religiosa com missa solene e procissão sob a direção do Sr. Pe. Escarameia. No adeus a Nossa Senhora, terminada a procissão, os lenços brancos deram um sinal de respeito e fé na celebração do ato que, curiosamente, foi também “saudada” por seis casais de grifos que desceram até ao nível do telhado da capela! À tarde, antes da missa e procissão, realizou-se o primeiro dos jogos tradicionais que fazem parte do programa, o Jogo do Burro que teve como vencedor o par Luís Silva e Paulo Cunha. Ao serão o conjunto musical Trio Classe Média com o recinto repleto animou musicalmente os presentes e o baile até às três horas.

A abrir o 2º dia, domingo, o som do acordéon do Zé Maria acompanhava a comissão de festa na habitual saudação à população das aldeias ribeirinhas, recolhendo contributos para as contas cujo resultado é entregue à IPSS local. O mais popular dos jogos tradicionais, o Torneio de Sueca, teve lugar à tarde com grande número de inscrição pelo que levou a organização a transferir a final para o dia seguinte… e o par vencedor, depois de luta muito equilibrada, integrou o Agostinho Cargaleiro e o Tiago Ferreira. A noite deste dia, com recinto novamente repleto, teve animação musical a cargo de Sílvia Alcobia que ultrapassou as expectativas.

Ao 3º dia, concluíram-se os jogos tradicionais com o Jogo da Malha que teve como vencedor o par formado por João Carlos Mateus e João Pedro Alves. O bem conhecido da “casa” Pedro Oliveira animou como de costume o serão, tendo executado músicas apropriadas para a Dança das Gerações que encheu a pista de dança.

Com o aproximar do fim da festa o presidente da Comissão Organizadora João Luís Silva chamou ao palco todos os membros da Comissão que fizeram jus à maior ovação dos festejos pela excelência da organização, como já nos habituaram, desde há mais de 20 anos! Depois do tributo prestado à realização da festa anual da terra, o líder João Luís chamou os vencedores dos jogos tradicionais aos quais foram entregues os respetivos trofeus debaixo de fortes aplausos da vasta plateia.

Como nota final, pode afirmar-se que o número de visitantes da Foz do Cobrão neste mês de agosto, especialmente no fim de semana dos festejos, bateu todos os recordes, porventura também pela atração que é a Zona de Lazer do Penedo dos Cágados no ribeiro do Cobrão que tem tido grande afluência de veraneantes.

Para o êxito das festas contruiu naturalmente o “profissionalismo” rigor e dedicação da Comissão Organizadora que no dia seguinte desmontou toda a estrutura do recinto dos festejos durante a manhã, reunindo à tarde para aprovar as contas e entregar o resultado a rondar os 3.800 euros à direção da associação local, Grupo dos Amigos da Foz do Cobrão, (IPPS). É caso para dizer “e esta, hem?”

O GAFOZ comemora 50 anos

O Grupo dos Amigos da Foz do Cobrão – GAFOZ – foi fundado há 50 anos em Lisboa, quando as Casas Regionais nasciam como cogumelos na capital por estarmos no início da desertificação do Interior fruto da debandada da juventude que tinha horizontes que só os grandes centros urbanos lhes podiam proporcionar. Aliás, era também consequência do centralismo burocrático da Ditadura que assolava o País. Tudo girava à volta das grandes urbes.
Um pormenor: Nos anos 40 do século passado a Escola Primária da Foz tinha 60 alunos da 1ª à 4ª classe… com apenas uma Professora! A Escola fechou portas há cerca de 40 anos!
Outro pormenor: Desde a fundação da Associação, portanto há 50 anos, Foz do Cobrão perdeu entre 100 e 150 habitantes!
Evidentemente, a criação destas instituições na capital também tinha como base o facto de não haver autarquias que ouvissem as populações como as de hoje que representam a meu ver o melhor do 25 de Abril!
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UM PEDAÇO DE HISTÓRIA DA FOZ

(texto publicado no “Jornal do Fundão” e no “O Concelho de Vila Velha de Ródão”)

Em meados do século XIX, empreendedores dignos desse nome e da nossa admiração, descobriram o potencial do Ribeiro do Cobrão cujo nascente, Olho d’Água, mantém constante durante o ano todo água à farta e de qualidade superior. Durante quase um século, os nossos antepassados tiveram engenho e inteligência para montar em redor do Ribeiro algumas explorações industriais/artesanais criadoras de riqueza que absorveram toda a mão-de-obra local e outra vinda do exterior, especialmente técnica. Força motriz: a água!
Foi a construção de uma fábrica de fiação, teares, pisões, tintos, moinhos, comércio e hortas com sistema de levadas para regadio… e consequente aumento da população que atingiu as cinco centenas. Foz do Cobrão foi de facto uma terra próspera.
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